A Fúria Feminina!

Arquivo para setembro, 2011

Dilma, Brasil, ONU…


No último dia 21 de setembro a presidente Dilma Roussef teve uma importante participação na história das assembléias da ONU: Dilma foi a primeira mulher a abrir uma Assembleia Geral de Debates da ONU. E também a primeira brasileira.

Como não poderia deixar de ser a imprensa adaptou esse fato de mil maneiras e fez dele uma pauta para toda a semana.

Todos os dias os telejornais mostravam boletins dos debates, sempre ressaltando a participação de Dilma. Até aí nada de errado. A cobertura foi pertinente, mostrando a nova cara do Brasil e a força e representatividade que o país está ganhando frente às potências mundiais. Ressaltar a participação de Dilma também foi interessante no sentido de reforçar a mudança política e social no Brasil.

Os veículos de comunicação fizeram questão de mostrar o evento como o mais marcante até o momento no governo e já entre as melhores participações internacionais do Brasil na Era Dilma.

O ponto que pode ser debatido aqui é o foco das matérias em torno desse evento.

Ao esmiuçar os fatos na tentativa de preencher as pautas de toda a semana, dada a importância do evento, a participação brasileira e exposição do momento político-econômico do país foi mostrada, mas não trabalhada em profundidade.

Muito se mostrou da performance, elogios e aplausos destinados à Dilma, mas e as questões políticas que foram debatidas? Qual a opinião dos países da ONU em relação a política brasileira nesse momento? Essas questões mais aprofundadas e focadas na política em si não foram noticiadas em profundidade.

Algumas colocações de Dilma enquanto presidente do Brasil foram citadas, como a posição do Brasil em relação à extinção das armas nucleares e a colocação do governo como favorável à formação do Estado Palestino. Assim como a priorização das relações do Brasil com o Mercosul e os emergentes do Brics.

Uma análise da cobertura televisiva indica uma prioridade em mostrar a “imagem pop” do Brasil e não a imagem política.

Não é um erro mostrar esse aspecto. Ele deve ser mostrado até mesmo para a auto estima da população e maior confiança no governo, mas as outras questões deveriam ser noticiadas para esclarecer a situação governamental do país.

Matérias como essas deixam os cidadãos alienados com o pensamento de que está tudo bem com o Brasil e sua imagem no exterior é excelente. Aliás, a oposição do governo disse em entrevistas que Dilma mostrou uma “Brasil cor-de-rosa” que na verdade não existe. Aqui pode-se pensar também numa analogia ao Brasil cor-de-rosa pela ascensão das mulheres em cargos importantes e até mesmo na esfera social comum.

Essa é uma realidade também, mas que está acontecendo aos poucos, com muito caminho pela frente.

A imprensa precisa saber mostrar todos os lados de eventos desse nível justamente para deixar os brasileiros realmente informados dos rumos do país. E não somente da atuação de uma brasileira.

Helena Ometto

Helena Ometto


A trágica cobertura do Rock In Rio

Um grande evento. Sites de notícias desesperados e canais de TV despreparados. Isso foi o que podemos ver na cobertura do Rock In Rio quatro.

Com apenas três dias de evento, a mídia já conseguiu proporcionar uma overdose de Rock In Rio nos telespectadores e internautas. Quem não tinha interesse no evento, não tinha como escapar da avalanche de informações e cobertura intensa. O evento foi tratado como “o carnaval da vez”. Mesmo sendo alvo de críticas, o Rock In Rio deste ano rendeu poucas matérias críticas. A mídia em geral, cobriu o evento como se ele fosse a Copa do Mundo, como se o país tivesse parado pra ele acontecesse.

A Globo prometeu muito, mas exibiu apenas segundos contados das apresentações e o Fantástico deste domingo trouxe alguns perfis de bandas, entrevistas e uma curtíssima transmissão. Quem estava dependendo da TV aberta para acompanhar o evento, teve que se contentar com matérias superficiais e segundos de shows.

Já a Multishow, só falava de Rock in Rio. O canal da TV paga exibiu todos os shows principais na íntegra e fez uma cobertura intensa do evento. Boa opção pra quem queria acompanhar o evento de casa. Mas só pra quem tem paciência e muita paciência.

As VJs Didi Wagner e Luisa Micheletti mostraram falta de experiência e desenvoltura, soltando as mais diversas pérolas. Já Dani Monteiro tinha a árdua tarefa de entrevistar o público entre os intervalos de shows. Obviamente fazendo perguntas desnecessárias, sendo alvo dos engraçadinhos da platéia e ganhando destaque na internet por entrevistar celebridades embriagadas no maior estilo Amaury Júnior.

Já Beto Lee, que também tinha a missão de entreter o público com informações dispensáveis nos intervalos, também nos proporcionou uma enxurrada de besteiras e comentários sem sentido. Beto tinha que encher lingüiça, mas não sabia como. Teve uma hora em que ele falava de experiências pessoais e até uma possível ligação do Motorhead com a Astrologia.

De longe, a cobertura da Multishow foi a pior em termos televisivos. Uma equipe pequena, apresentadores e repórteres despreparados e desinformados e falta de reportagens entre os intervalos marcaram a programação durante as 12 horas de evento.

Em relação aos sites de notícia, a cobertura despreparada não foi muito diferente. O G1 para encher a página especial do Rock In Rio, fez várias matérias desnecessárias além da cobertura dos shows.

Podemos nos deparar com matérias do tipo “Vote no visual metaleiro das famosas” ou “Cabeludos fazem escova e hidratação” e até mesmo “Veja as fotos da moda dos fãs de metal”. Que não ficaram restritas à seção EGO.

Mas a cobertura mais desesperada foi da Folha.com. No twitter da seção Ilustrada, dedicada ao entretenimento e cultura, a cada minuto surgiam matérias dispensáveis.  A Folha.com se preocupou em encher os internautas de informações, mas não que elas fossem de qualidade.

Em questão de minutos, eram publicadas várias notas de dois parágrafos sobre os assuntos mais variados. Entre eles, furto de câmera de fotógrafos, cheiro de urina no ambiente e como João Gordo traiu o movimento punk.

A cobertura do Rock In Rio nos mostra que a mídia está mais preocupada na quantidade de informação do que a qualidade dela. Se os canais de TV não estão preparados para cobrir um evento que tiveram mais de um ano para se preparar, imagine então como o caos deve reinar nas coberturas de imprevistos.

Juliana Baptista

Juliana Baptista

O lado feminino do Grunge

No mês de novembro, várias bandas grunge virão ao Brasil fazer shows. Stone Temple Pilots, Chris Cornell, Pearl Jam, Sonic Youth, Faith No More e Alice in Chains serãos os responsáveis de fazer o revival do gênero aqui no país.

O Grunge foi um movimento musical muito forte nos anos 90 que surgiu em Seattle e popularizou bandas como Nirvana e Soundgarden. Com seus cabelos sujos, camisetas de flanela xadrez e guitarras cheias de distorções, o maior ícone do grunge é Kurt Cobain.

Mas é claro que movimento também teve representantes femininas e o De Volta para o Futuro relembra algumas delas.

 L7 era formado por Donita Sparks, Suzi Gardner, Jennifer Finch e  Dee Plakas. O nome deriva de uma gíria americana e significa Quadrado.  A banda se formou em 1985 em Los Angeles e terminou em 2000, mesmo seu fim não ter sido oficialmente declarado.

A banda lançou seu primeiro disco em 1988 que foi produzido por Brett Guretwitz do Bad Religion que na época possuía um selo próprio.  Fizeram shows com Nirvana, Hole, Soundgarden, Joan Jett, Red Hot Chili Peppers e se tornaram mundialmente conhecidas.

 

Babes in Toyland foi formada em 1988 Lori Barbero, Kat Bjelland e Michelle Leon em Mineapolis. Mas só em 1990 lançaram o Spanking Machine e foram convidadas para ser a banda de abertura do Sonic Youth e ganharam prestígio e fama.

O single To Mother entrou para o Top 10 da gravadora e permaneceu por lá por 13 semanas. Depois de entra e sai de integrantes, em 2001 o Babes in toyland fizeram seus últimos shows com a turnê The Last Tour. Em 2002 Kat Bjelland fez alguns shows solo com o nome Babes in Toyland, mas foi processada pelas ex-integrantes por usar o nome da banda sem autorização dos outros membros

 

Com certeza você já ouviu falar do Bikini Kill. Além de fazer parte do movimento grunge, Kathleen Hanna, líder da banda, também se tornou ícone do movimento Riot Girrl. Referência do feminismo dentro do cenário musical, que inspirou milhares de jovens durante os anos 90.

Rebel girl se tornou o hino da ala feminina do movimento grunge e é até hoje símbolo da participação feminina no movimento grunge. O Bikini Kill fez shows até 1998 e depois disso as integrantes resolveram se separar. Atualmente todas ainda estão ativas no mundo musical, porém em bandas distintas.

O Hole é uma das únicas bandas grunge femininas que sobreviveu até hoje. Liderada pela polêmica Courtney Love, o Hole possui 20 anos de carreira e 7 álbuns. Apenas Courtney é um membro fixo no Hole, a banda já teve 10 formações diferentes. Mas os integrantes mais populares ao lado de Courtney são Eric Erlandson e Melissa Auf Der Maur.

O Hole vendeu mais de um milhão de cópias com Live Through This e Celebrity Skin, que tinha uma pegada mais pop. Depois de um hiato de sete anos, voltaram com o álbum Nobody’s Daughter, alguns shows e várias promessas.

Juliana Baptista

Juliana Baptista

TPMídia ON RADIO #13

Nesta última edição do TPMídia, o Primeira Página trouxe a problemática da obrigatoriedade do Enen e a “preocupação ambiental” do Tribunal Eleitoral.

No Crítica no Plural, Helena Sylveste faz uma comparação entre a abordagem da Carta Maior e Veja sobre visita de Camila Vallejo ao Brasil. Já Helena Ometto discute o enfoque sobre os 10 anos dos atentados de 11 de setembro pelos canais da Globosat.

E no De Volta Para o Futuro, trouxemos o enfoque feminino do movimento Grunge e o perfil de Joss Stone


A saúde da televisão

O Crítica de Mídia da semana passada tratou sobre a enorme quantidade de programas sobre saúde que invadiram as grades da televisão ultimamente. Todas as emissoras tem programas desse tipo, mas nem todos conseguem alcançar a qualidade desejada e necessária. É sobre isso que vou tratar aqui!

CRÍTICA

Não é segredo que saúde é a preocupação número 1 de todas as classes sociais e um assunto comum a todos os públicos. Isso faz com que o tema seja um coringa para as emissoras de televisão que precisam lançar novas produções e preencher seu espaço na programação.

O problema é quando essa possibilidade torna-se exagerada e preenche a grade com programas sobre o mesmo tema, com o mesmo estilo, falando as mesmas coisas, com profissionais de mesmo gabarito e uma produção de pautas que sempre traz mais do mesmo.

 

Esse ano a Rede Globo lançou o Bem Estar, um programa especializado em saúde que prometia trazer novas informações para o público da manhã, geralmente as senhoras e as donas de casa. Mas o objetivo não foi totalmente cumprido por falta de competência da dupla de apresentadores aliada às pautas nada criativas.

Outros programas da emissora também trazem quadros especiais para falar de saúde, como no Mais Você, de Ana Maria Braga, no Fantástico e até mesmo no Domingão do Faustão, como se já não bastassem as atrações de todo domingo.

Na Record o problema se repete com o “E aí, doutor?”, apresentado pelo médico Antonio Sproesser, clínico geral há 34 anos, no período da tarde. A Record News traz o “Estilo e Saúde”, apresentado por Amanda Françozo e a programação segue nas demais emissoras…

Programas voltados para a saúde são fundamentais em um veículo que atinge grande parte da população de todo o país, além de exercerem a função de serviço público do jornalismo. A questão aqui é a repetição exagerada que torna a pauta indiferenciada e cansativa.

Além disso, essa enxurrada de informações sobre saúde e bem estar pode deixar os espectadores paranóicos. Lembrando que as emissoras trazem profissionais diferentes e, com isso, as dicas de bem estar também podem ser variadas, confundindo a cabeça do espectador.

Uma outra questão a ser discutida é o preparo de jornalistas para transmitir informações sobre saúde e o cuidado dos médicos para adequar a linguagem da medicina para a televisiva.

Por se tratar de um assunto de grande interesse público é fundamental que haja esse preparo em ambas as partes. Os espectadores devem ter um entendimento homogêneo e correto das informações.

O comunicador tem que superar as formalidades da medicina, assim como os médicos devem se adequar aos critérios de uma comunicação eficiente.

Selecionar os programas que vão ocupar a grade de programação nos canais abertos da televisão brasileira também pode ser uma solução. Até porque os espectadores de um canal aberto estão espalhados pelas diferentes classes sociais e não tem as mesmas condições de acessos aos medicamentos, procedimentos clínicos e tratamentos médicos que são oferecidos na mídia.

É necessário levar em conta essa diferença de públicos e dar informações que sejam acessíveis a todas as classes sociais para validar o principio democrática da televisão.

Helena Ometto

Helena Ometto